quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A febre é uma das queixas mais frequentes nas consultas pediátricas. Pesquisas mostraram que 20 % das crianças que iam aos Postos de Pronto Atendimento tinham febre, 36 % das consultas agendadas também tinham por motivo febre e 50 % dos telefonemas noturnos eram dados por mães apavoradas com a temperatura dos filhos.

Outros trabalhos indicaram que crianças e pré-escolares apresentam de 4 a 8 episódios de gripe por ano, número este que dobra (8 a 16 episódios) se a criança freqüenta creches. Já o escolar sofre menos, 2 a 6 episódios por ano.

Embora na maioria das vezes a febre alta súbita seja a primeira manifestação de uma infecção por vírus, os pais ainda acreditam que a febre seja uma doença em si e não simplesmente um sintoma ou sinal de doença.

Pesquisas mostram que os familiares têm muitos conceitos errôneos sobre a febre, entre eles que a febre causa danos, tem efeitos colaterais e existe ataque ao sistema nervoso com temperaturas acima de 380. Essa idéia é chamada até de Febrefobia. Uma pesquisa mostrou que 87.4 % das crianças febris tinham virose, 6 % tinham uma infecção urinária e 6 % tinham bacteremia oculta, meningite e outras infecções.

Em alguns raros casos, a febre é realmente resultado de uma doença mais grave, como bacteremia oculta (bactérias no sangue), meningite, pneumonia etc. Mas, nesses casos, a febre se acompanha de outros sintomas que precisam ser conhecidos pelos pais, para irem rapidamente ao pediatra. A criança fica prostrada, não brinca, geme, não se alimenta, tem muita sede.

O lactente apresenta uma temperatura normal maior que a do adulto. A partir de 12 meses, a temperatura tende a diminuir para níveis semelhantes aos do adulto.

Quais as vantagens da febre ? Aumenta a imunidade, as células neutrófilas do sangue aumentam, há produção de substâncias bactericidas (que matam os micróbios), há produção de interferon (uma das substâncias relacionadas à imunidade), proliferação das células T, diminuição da produção intestinal de ferro (o ferro é necessário para o crescimento das bactérias).

Quais as desvantagens da febre ? Desconforto, irritabilidade, risco de convulsões. Em relação à convulsão febril é bom lembrar que não depende do grau de temperatura, mas sim da velocidade com que a temperatura aumenta. A convulsão febril, mais freqüente em famílias que têm casos de convulsão febril nas crianças, é de curta duração (menos de 10 minutos), acometendo crianças entre 6 meses a 5 anos de vida.

Por causa da Febrefobia, os pais muitas vezes exageram no uso de antitérmicos. No Brasil, há 3 tipos de antitérmicos liberados: Dipirona, Ibuprofeno e Paracetamol.

A dipirona (nome comercial Novalgina) age 30 a 60 minutos depois da ingestão e seu efeito dura de 4 a 6 horas. Deve ser usada apenas depois dos 3 meses de idade, na dose de menos de 1 gota por quilo por dose.

O ibuprofeno (nome comercial Alivium, Maxifen etc) age após 30 minutos da ingestão e seu efeito dura de 6 a 8 horas. Deve ser administrada após 6 meses de idade. Pode ser administrada 1 gota por quilo por dose.

O paracetamol (nome comercial Tylenol) Pode ser usado a partir de 1 mês de vida, age 30 minutos após a ingestão e seu efeito dura cerca de 4 horas. A dose é também 1 gota por quilo por dose.

O uso ao mesmo tempo de mais de um antipirético leva à soma dos efeitos colaterais de cada um, ainda mais em doses elevadas, com as possibilidades de reações desagradáveis: erupção na pele, ataque aos rins, ataque ao fígado, espasmo dos brônquios etc.

Baseado em artigo do Prof. Dr. Silvio Luiz Zuquim, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

sábado, 17 de outubro de 2009

FEBRE INDISPENSÁVEL

Geralmente as mães ficam em pânico quando seus filhos estão com febre. Já abordamos esse problema em outro local deste blog. Mas com frequencia a febre é benéfica para o organismo, É o caso, por exemplo, quando a febre aparece com uma reação à aplicação de uma vacina preventiva.

Um artigo, publicado recentemente pela revista médica inglesa The Lancet, noticiou a descoberta de que dar paracetamol (Tylenol) às crianças quando são vacinadas, para evitar febre e mal-estar, pode prejudicar a eficácia da imunização, impedindo a formação de anticorpos, objetivo princial da vacina.

ANABOLIZANTES NA ADOLESCÊNCIA

Com certa frequência adolescentes vêm ao meu consultório, solicitando anabolizantes, vulgarmente chamados de bombas, para aumentar e tornar mais rápido o crescimento de massa muscular, simplesmente por motivos estéticos, para usar a famosa camiseta regata, mostrando braços musculosos, mesmo que esteja fazendo frio. Até mesmo mocinhas que frequentam academias às vezes têm esse desejo.

Segundo estudo do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade de São Paulo, o número de jovens que admite usar drogas mais que dobrou nos últimos anos. Passou de 540 mil para 1,2 milhão de 2001 até hoje.

Essas drogas são sintetizadas a partir do hormônio masculino testosterona. Não são ilegais, mas só podem ser prescritas para tratamento de um número reduzido de enfermidades. Na ausência dessas doenças e em quantidade excessiva produzem graves efeitos colaterais : lesões de pele, infertilidade, impotência, problemas no fígado, sobrecaga no coração e até mesmo alguns tipos de câncer. São consideradas doping nas competições esportivas. No caso de mulheres, começam a aparecer pelos e voz mais grave, além do aumento do clitóris.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

INFORMAÇÕES PAA OS PAIS

Na Internet e na TV os pais podem ter acesso a muitas informações interessantes sobre a criação de crianças, além deste nosso modesto blog. Há o site www.bebe.com.br, da Editora Abril; o site www.multiplos.com.br, dedicado aos gêmeos. Na TV, temos muitos programas bons na emissora no canal Discovery Home and Health. A revista VEJA, de 14, outubro, 2009 publicou interessante matéria sobre o novo manual da SOCIEDADE BRASILEIRA DEPEDIATRIA.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

LIVRO ACONSELHADO

Uma amiga ou parenta está prestes a ganhar um bebê ? O que lhe dar de presente ? Até recentemente era muito escolhido o livro A vida do bebê, do pediatra já falecido Rinaldo de Lamare. Tanto é verdade que o livro já está na 42a. edição e já vendeu mais de 7 milhões de volume de exemplares.

Mas tudo evolui e assim também os conhecimentos científicos sobre as crianças. O famoso livro do de Lamare tornou-se obsoleto. Aconselha regras muito rígidas, desprezando o mais importante que é respeitar as potencialidades das crianças.

Preenchendo uma importante lacuna, a SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRA reuniu um grupo de abalizados especialistas e acaba de publicar o manual Filhos, da gravidez aos dois anos de idade, pela Editora Manole. Agora, quem quiser dar um presente à futura mamãe deve ofertar-lhe esse livro, certo de que lhe está proporcionando o conhecimento de que criar um bebê é muito mais simples do que se pensava anteriormente,

O livro esclarece dúvidas comuns sobre o uso de fraldas, a composição das papinhas, a origem das cólicas, o leite, a chupeta, o choro entre outras. Claro que não dispensa a ida periódica ao pediatra, para consulta e aconselhamento.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

SAPATOS PARA CRIANÇAS

Suri, filha dos atores Tom Cruise e Katie Holmes, só tem 3 anos, mas já usa salto alto, conforme notícia publicada no jornal O GLOBO (04/10/09). Trata-se de um erro grave, segundo os ortopedistas, porque prejudica a marcha, causa dores e pode levar até a atrofia da batata-da-perna.

O calçado para crianças deve ter formato diferente do calçado para adultos e deve ser adequado à idade da criança. Na prática, verifica-se que as crianças atualmente têm o pé maior do que antigamente e os fabricantes de sapatos continuam com as mesmas medidas. Em verdade, meninas e meninos não deveriam usar o mesmo sapato ou tênis por mais de 12 meses porque depois de algum tempo vai ficar apertado.

É preciso atentar a esta questão desde os primeiros meses de vida. A capacidade de sustentar o peso surge à medida que a criança cresce e exercita as partes moles do pé. O arco da planta dos pés só está presente aos 2 anos de idade. Pode-se dizer que toda a criança tem “pé chato” normalmente até essa idade.

Daí a importância de deixar a criança andar descalça algumas vezes nos primeiros anos. Para os bebês, os sapatinhos servem apenas para aquecer. As crianças tendem a deformar calçados muito frágeis Quando começam a andar devem usar sapatos com solado flexível, de preferência de couro, com uma parte posterior que abarca firmemente o calcanhar.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

REFLUXO GASTROESOFÁGICO

O que é o Refluxo Gastroesofágico ?

Sentimos às vezes uma queimação na garganta. Essa sensação é por causa do refluxo (volta) do alimento do estômago para o esôfago. É o chamado Refluxo Gastroesofágico (RGE). È um problema que acomete os adultos. Acontece que também os bebês e as crianças podem sofrer com vômitos e regurgitações após as mamadas e as refeições. Ou seja, também eles podem sofrer com o Reflexo Gastroesofágico.

O esôfago é um tubo muscular que leva os alimentos da boca ao estômago. Na sua ligação com o estômago existe uma espécie de válvula, tecnicamente chamada de esfíncter, que normalmente se fecha quando alimento já está no estômago, justamente para impedir que o alimento, já misturado com o suco gástrico, e portanto muito ácido, volte ao esôfago, cujo revestimento não está protegido, como o estômago, contra acidez. Quando o esfíncter é fraco ou não está ainda amadurecido (como o caso de alguns bebês), não consegue segurar o alimento que está no estômago, que acaba voltando para o esôfago,

O que é o Refluxo Gastroesofágico fisiológico?

“O refluxo gastroesofágico é um evento funcional freqüente e mais observado em lactentes até os seis meses de idade. Há tendência à resolução espontânea e somente uma parcela desses lactentes apresenta complicações ou sintomas associados ao refluxo. O refluxo gastroesofágico fisiológico é” reconhecido (...) por sua condição benigna, caracterizado ... sendo autolimitado e não associado à doença “. (Pronap – Programa Nacional de Educação Continuada em Pediatria, Ciclo XI, num.2).

Em 80 % dos casos, o refluxo tende a regredir a partir dos 6 meses de vida, coincidindo com a introdução dos alimentos sólidos e uma posição do corpo freqüentemente ereta.

O que é a Doença do Refluxo Gastroesofágico?

Nesses casos, a criança apresenta irritabilidade, choro persistente, principalmente depois da alimentação, recusa de alimentar-se, não pega a mamadeira ou o seio, portanto não ganha peso. É quando é preciso o pediatra receitar medicamentos.

Alguns cuidados são necessários . A cabeceira do berço ou da cama deve ser elevada, para que a ação da gravidade facilite o esvaziamento gástrico; a criança deve ficar deitada de lado, sobre o braço direito; z criança deve ficar no colo “em pé”, depois de alimentada, para arrotar, durante pelo menos meia hora. Se a criança toma mamadeira, pode ser preciso adicionar ao leite uma farinha, para engrossar. O alimento deve ser dados em menor quantidade e mais freqüentemente,

Em casos mais graves, pode haver complicações pulmonares, pela aspiração de alimentos. Atualmente, com os cuidados aconselhados e a medicação adequada, são extremamente raros os casos em que há necessidade de cirurgia, para corrigir a fraqueza do esfíncter.

Cuidado com os exageros

Alguns pediatras, influenciados por uma complexa rede, que inclui, entre outros fatores, a insegurança, a sedução por parte de laboratórios farmacêuticos e pressão por parte dos pais por uma receita, acabam receitando para crianças normais os conhecidos domperidona (Motilium) e ranitidina (Label).

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

TRATAMENTO DE ALERGIAS

As alergias respiratórias (rinite, asma) aumentaram muito entre as crianças nos últimos anos, obrigando os pais a um tratamento cuidadoso para propiciar uma vida mais saudável a seus filhos e evitar que sejam acometidos de complicações como bronquite, pneumonia, sinusite.

A conduta mais importante no tratamento dessas alergias é a imunoterapia, isto é, dissensibilização da criança aos agentes que provocam as alergias, principalmente o ácaro, “bichinho” danado que faz ninho nos estofados, como colchão, travesseiro, almofadas, carpete etc.

Essa dissensibilização (diminuição da alergia) se faz com o uso de vacinas que são, simplesmente, doses muito pequenas do agente produtor da alergia, por assim dizer para “acostumar” o organismo a não reagir contra ele. Esse processo começou a ser feito com produtos injetáveis, em numerosas aplicações, que infernizavam a vida da criança e, habitualmente, era
interrompido, não se chegando a um resultado favorável.

Mais recentemente numerosos trabalhos científicos, vindos de centros de pesquisas em várias capitais mundiais, comprovaram que tais vacinas, aplicadas debaixo da língua (ITSL – imunoterapia sublingual), têm o mesmo efeito que as vacinas injetáveis, com a vantagem de não sacrificarem a criança. Com isso, fica possível fazer o tratamento completo (de 2 anos), o que leva ao êxito.

A explicação é simples : os vasos sanguíneos que passam sob a língua vão diretamente ao sangue, sendo mais bem absorvidos pelo organismo.